Bactéria ‘Xylella fastidiosa’ detetada nos concelhos de Portalegre e Marvão: Medidas fitossanitárias são aplicadas para conter o avanço
A bactéria ‘Xylella fastidiosa’ foi recentemente confirmada em três zonas dos concelhos alentejanos de Marvão e Portalegre, provocando a aplicação de medidas fitossanitárias rigorosas para impedir a sua propagação. A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) confirmou a presença desta bactéria em 30 amostras recolhidas nas freguesias de São Salvador da Aramenha (Marvão) e de Reguengo e São Julião (Portalegre), como consta de um edital datado de 17 de setembro.
A bactéria e o seu impacto
A ‘Xylella fastidiosa’ é conhecida como uma das bactérias de quarentena mais prejudiciais para a agricultura e para plantas ornamentais. Classificada pela Organização Europeia para a Proteção das Plantas (EPPO) como uma ameaça séria, foi detetada pela primeira vez em Portugal em 2019, em Vila Nova de Gaia. Esta bactéria afeta uma ampla gama de espécies vegetais, incluindo a oliveira, amendoeira, videira e figueira, além de várias plantas ornamentais.
A transmissão da bactéria ocorre através de insetos vetores, sendo o mais comum o Philaenus spumarius, vulgarmente conhecido como cigarrinha-da-espuma. Este inseto alimenta-se do xilema das plantas, facilitando a disseminação da bactéria que pode causar sérios danos às plantações e comprometer culturas agrícolas essenciais.
Medidas fitossanitárias em curso
Com a confirmação da presença da ‘Xylella fastidiosa’, a DGAV implementou uma série de medidas fitossanitárias obrigatórias para combater a disseminação da bactéria. Entre estas medidas está a proibição de novas plantações de espécies infetadas nas zonas demarcadas. Os proprietários de terrenos nestas áreas são obrigados a cumprir rigorosamente as instruções de proteção fitossanitária.
A zona demarcada em Marvão, já previamente estabelecida, foi agora ampliada devido à deteção de novos focos da bactéria. Esta zona é alvo de uma “prospeção intensiva” e, de acordo com as diretrizes europeias e nacionais, qualquer confirmação da bactéria em novos locais resulta no alargamento das áreas sob monitorização. O objetivo é prevenir a sua propagação para outras zonas, tanto dentro como fora do território nacional.
A DGAV também proibiu a plantação de vegetais das espécies infetadas dentro da área demarcada, de modo a evitar que novos focos de contaminação se desenvolvam.
As espécies afetadas
As plantas infetadas detetadas até ao momento pertencem aos seguintes géneros e espécies: Acacia dealbata, Cistus spp., Cistus ladanifer, Cytisus spp., Cytisus lanigerus, Cytisus scoparius, Cytisus striatus, Genista triacanthos, Genista tridentata, e Rubus ulmifolius. A subespécie ‘Xylella fastidiosa subsp. Fastidiosa’ foi identificada em algumas das amostras, enquanto as restantes aguardam identificação.
Esta diversidade de espécies afetadas é uma das características mais preocupantes da ‘Xylella fastidiosa’, uma vez que a bactéria atinge uma ampla gama de plantas, muitas das quais têm importância económica significativa para a região. Culturas tradicionais como oliveiras e vinhas estão particularmente vulneráveis, o que levanta preocupações quanto ao impacto económico a longo prazo se a bactéria continuar a espalhar-se.
A propagação além-fronteiras
A DGAV também alertou para a proximidade geográfica com Espanha, onde a bactéria foi igualmente detetada em áreas próximas da fronteira portuguesa. A zona demarcada em território espanhol está adjacente à zona tampão estabelecida no lado português, o que aumenta a dimensão do território afetado em Portugal.
A colaboração entre autoridades portuguesas e espanholas tem sido fundamental para coordenar as ações de prospeção e controlo da disseminação da bactéria. Esta cooperação transfronteiriça é essencial para mitigar os riscos de contaminação e garantir que as medidas tomadas sejam eficazes na contenção do problema.
Riscos e desafios futuros
A presença contínua da ‘Xylella fastidiosa’ em Portugal representa uma séria ameaça para o setor agrícola, especialmente em regiões como o Alentejo, onde as culturas de oliveiras e vinhas são vitais para a economia local. Além disso, a proliferação da bactéria pode comprometer a sustentabilidade de várias espécies ornamentais que contribuem para o ecossistema e a biodiversidade.
Com 19 zonas demarcadas em Portugal – nove na região Centro, sete no Norte, duas em Lisboa e Vale do Tejo e uma no Alentejo –, a bactéria está longe de ser erradicada e continuará a ser monitorizada de perto pelas autoridades. O controlo do inseto vetor e a adoção de práticas agrícolas seguras são fundamentais para prevenir a expansão da bactéria para novas áreas.
Conclusão
A detecção da ‘Xylella fastidiosa’ nos concelhos de Marvão e Portalegre reitera a necessidade de medidas rigorosas de controlo fitossanitário em Portugal. Com potencial para causar danos irreversíveis à agricultura e biodiversidade, a resposta coordenada entre autoridades nacionais e internacionais será essencial para minimizar o impacto desta ameaça. A DGAV permanece vigilante e ativa na implementação de medidas de proteção, com o objetivo de conter a propagação da bactéria e proteger as culturas nacionais.
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