CDS está contra as alterações ao trânsito no centro do Santo da Serra

SANTO DA SERRA – O CDS-PP (Partido Centro Democrático e Social – Partido Popular) manifestou publicamente a sua oposição às recentes alterações implementadas no trânsito no centro do Santo da Serra, uma pequena localidade da ilha da Madeira, conhecida pela sua paisagem verdejante e pelas suas características rurais. As mudanças, introduzidas pela Câmara Municipal local, têm gerado controvérsia entre os residentes e forças políticas, como o CDS, que criticam a forma e o conteúdo das novas medidas.

Alterações no trânsito: uma breve explicação

As mudanças ao trânsito, aprovadas pela autarquia em setembro de 2024, visam, segundo o executivo local, melhorar a fluidez do tráfego e aumentar a segurança dos peões no centro da freguesia, particularmente na zona envolvente à igreja e ao mercado. Entre as principais medidas destacam-se a introdução de novas zonas de sentido único, a restrição de estacionamento em algumas ruas estreitas e a criação de áreas exclusivas para peões em determinados horários do dia.

O objetivo declarado pela autarquia é reduzir o congestionamento e melhorar a experiência dos residentes e turistas que frequentam o centro histórico de Santo da Serra, sobretudo durante os fins de semana, altura em que a afluência ao mercado agrícola e aos restaurantes locais aumenta significativamente.

Críticas do CDS-PP

Contudo, o CDS-PP considera que as alterações foram implementadas sem uma consulta pública adequada e sem um estudo de impacto prévio suficientemente detalhado. De acordo com o porta-voz do partido, Paulo Neves, estas mudanças “têm criado confusão e caos no trânsito”, além de “prejudicarem gravemente o comércio local”. Neves argumenta que a implementação de sentido único em algumas ruas aumentou o tempo de circulação dos veículos, forçando os motoristas a realizar desvios longos, o que, segundo ele, está a gerar descontentamento não só entre os moradores, mas também entre os visitantes.

“Estas alterações foram decididas de forma precipitada e sem a devida participação dos cidadãos. Estamos a assistir a uma desorganização que não estava presente antes destas modificações. O CDS defende que a autarquia reveja urgentemente estas medidas, escutando as preocupações da população local”, afirmou Neves durante uma conferência de imprensa realizada ontem.

Comércio local afetado

Além das críticas relativas ao tráfego, o CDS-PP também sublinha o impacto negativo no comércio local. Empresários da zona têm manifestado a sua preocupação com a redução do número de clientes, alegando que as novas regras de circulação dificultam o acesso dos consumidores às lojas e restaurantes. Em particular, alguns comerciantes indicam que a proibição de estacionamento em ruas-chave tem afastado clientes, que agora preferem deslocar-se para outras localidades.

António Vieira, proprietário de uma loja de artesanato tradicional, afirmou que viu uma redução de cerca de 20% no seu volume de negócios desde a implementação das alterações. “As pessoas estão a evitar o centro do Santo da Serra porque agora é mais difícil estacionar. Os turistas, que são uma parte importante do nosso mercado, preferem ir para locais onde é mais fácil encontrar estacionamento e onde não há estas confusões no trânsito”, explicou.

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Reação da autarquia

Em resposta às críticas, o presidente da Câmara Municipal defendeu as alterações, afirmando que as mesmas foram necessárias para responder às exigências crescentes em termos de segurança rodoviária e conforto dos peões. “As nossas ruas são antigas e estreitas, não foram pensadas para o número de veículos que circulam hoje em dia. Precisávamos de encontrar soluções para garantir a segurança das pessoas, sobretudo em zonas como o mercado e a igreja, que são muito frequentadas”, explicou o autarca.

No entanto, o presidente reconheceu que algumas medidas podem ser ajustadas à luz das preocupações da população. “Estamos sempre abertos a ouvir os nossos cidadãos. Se for necessário fazer algumas correções, vamos fazê-las, mas o mais importante é que estas alterações foram feitas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de todos”, afirmou.

Posições divididas entre os moradores

Entre os residentes, as opiniões estão divididas. Se, por um lado, alguns apoiam as alterações, argumentando que as ruas mais seguras beneficiam os peões e as crianças, outros estão preocupados com o impacto no comércio e na acessibilidade.

Maria Fernandes, residente de longa data de Santo da Serra, afirma que as mudanças trouxeram vantagens. “Antes, era um caos tentar atravessar a rua perto da igreja. Agora, com menos carros, é muito mais seguro para mim e para os meus netos. Acho que é uma questão de hábito. Com o tempo, as pessoas vão perceber que estas mudanças são para o bem de todos”, disse.

Por outro lado, João Silva, outro morador, não partilha da mesma opinião. “Não faz sentido estas ruas de sentido único numa freguesia tão pequena como o Santo da Serra. Agora demoro quase o dobro do tempo para ir ao supermercado ou ao café. Além disso, vejo que muitos turistas estão a deixar de vir para cá porque é complicado circular”, comentou.

O futuro das alterações

Apesar da controvérsia, as novas regras de trânsito no Santo da Serra continuam em vigor, e a autarquia afirmou que irá monitorizar a sua implementação nos próximos meses para avaliar o seu impacto. Não foi, contudo, anunciada uma data concreta para uma eventual revisão das medidas.

Por enquanto, o CDS-PP mantém a sua posição firme contra as alterações, prometendo continuar a apoiar os moradores e comerciantes que sentem os efeitos negativos das novas regras.