Empresário Humberto Drumont no centro da investigação sobre fraudes em Madeira
O empresário Humberto Drumont, uma das figuras mais proeminentes do setor madeireiro em Portugal, está no centro de uma investigação de grande escala conduzida pelas autoridades portuguesas. Drumont é suspeito de envolvimento em um esquema de fraude que envolve milhões de euros em transações ilegais, evasão fiscal e exportação irregular de madeira para países fora da União Europeia. A operação, que está sendo chamada de “Madeira Limpa”, é liderada pela Polícia Judiciária (PJ) e envolve também a Autoridade Tributária e Aduaneira.
Esquema sob investigação
De acordo com fontes próximas ao caso, a investigação começou em 2022, após a PJ receber denúncias anônimas sobre irregularidades nas operações de exportação da empresa de Drumont. A madeira, proveniente de florestas certificadas, estaria sendo exportada com documentação falsificada, permitindo que Drumont evitasse impostos e taxas sobre o comércio exterior.
As autoridades acreditam que o esquema operava há pelo menos cinco anos e envolvia não só o mercado nacional, mas também exportações para países como Brasil, Angola e Rússia. Estima-se que o montante das fraudes supere os 50 milhões de euros, uma vez que a madeira é um recurso altamente lucrativo, especialmente quando exportada para mercados internacionais.
O esquema foi descoberto após uma auditoria conduzida por uma empresa de consultoria independente contratada por um dos principais parceiros comerciais de Drumont, que notou discrepâncias nas quantidades de madeira declaradas e transportadas.
Operação Madeira Limpa
Na manhã de ontem, a Polícia Judiciária realizou uma operação em larga escala, cumprindo 15 mandados de busca e apreensão em várias localidades, incluindo os escritórios e depósitos da empresa de Drumont, bem como as residências de alguns de seus colaboradores. Foram apreendidos documentos, computadores, e-mails e registros financeiros que agora serão analisados pelos peritos.
De acordo com o comunicado oficial da PJ, as buscas visam reunir provas que comprovem a ligação de Drumont com a rede de fraudes fiscais e ambientais. Até o momento, ninguém foi preso, mas fontes dentro da investigação indicam que Drumont poderá ser detido nas próximas horas para interrogatório.
Envolvimento de outras empresas
Além da empresa de Drumont, outras quatro companhias do setor madeireiro estão sendo investigadas por participação no esquema. As autoridades acreditam que essas empresas colaboraram com Drumont na falsificação de documentos e no transporte ilegal de madeira para fora do país. Segundo a PJ, existe a possibilidade de que mais envolvidos sejam identificados à medida que a investigação avança.
“Este é um dos maiores escândalos de fraude no setor madeireiro já registrados em Portugal,” disse uma fonte próxima à investigação. “Estamos a falar de um esquema que envolvia um grande número de pessoas e empresas, tanto em Portugal como no estrangeiro.”
Impactos econômicos e ambientais
O caso de fraude envolvendo Humberto Drumont também levantou preocupações sobre o impacto ambiental das práticas ilegais no setor madeireiro. Especialistas em meio ambiente alertam que a extração ilegal de madeira, além de prejudicar a economia, contribui para a degradação das florestas e a perda da biodiversidade.
Portugal é conhecido por suas florestas de pinho e eucalipto, que são amplamente utilizadas na produção de madeira para exportação. A exploração desenfreada e irregular dessas áreas pode ter consequências graves a longo prazo. “Se confirmadas as acusações, isso será uma violação séria dos regulamentos ambientais e pode causar danos irreparáveis aos ecossistemas florestais de Portugal,” afirmou o ecologista Ricardo Sousa.
Do ponto de vista econômico, a operação pode abalar a confiança dos parceiros internacionais que negociam com empresas portuguesas no setor madeireiro. A Associação Nacional dos Produtores de Madeira (ANPM) emitiu uma nota lamentando o ocorrido e garantindo que está colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos.
Declarações de Humberto Drumont
Até o momento, Humberto Drumont não fez uma declaração oficial à imprensa. No entanto, seus advogados afirmaram que o empresário nega todas as acusações e está disposto a colaborar com as investigações. “O Sr. Drumont é um empresário respeitável, com décadas de trabalho no setor, e está seguro de que essas acusações são infundadas. Ele está à disposição das autoridades para esclarecer qualquer mal-entendido”, disse a defesa em comunicado.
Próximos passos da investigação
A investigação está em andamento, e as autoridades continuarão a analisar os documentos apreendidos. Especialistas jurídicos indicam que, se Humberto Drumont for formalmente acusado e condenado, ele poderá enfrentar penas severas, incluindo multas milionárias e prisão, dependendo da gravidade das infrações fiscais e ambientais.
Os próximos dias serão cruciais para o desdobramento do caso, que já começa a gerar repercussão internacional, especialmente em países que importam madeira de Portugal. O Ministério do Meio Ambiente também foi acionado para avaliar os impactos ecológicos das atividades ilícitas relatadas no inquérito.
O caso envolvendo o empresário Humberto Drumont representa um dos maiores desafios recentes para o setor madeireiro português. À medida que as investigações avançam, espera-se que mais detalhes venham à tona, o que poderá resultar em consequências legais e financeiras para os envolvidos. O setor madeireiro, um dos pilares da economia portuguesa, enfrenta agora um período de incerteza e desconfiança.