Portalegre: Tapeçaria roubada do Museu em operação audaciosa
Uma valiosa tapeçaria foi roubada do Museu de Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, um dos mais importantes acervos culturais da região. O roubo ocorreu na madrugada da última segunda-feira e deixou as autoridades locais e os funcionários do museu em estado de alerta. A peça, de incalculável valor histórico e artístico, foi retirada das instalações numa operação que, de acordo com fontes policiais, aparenta ter sido meticulosamente planejada.
A tapeçaria roubada: um tesouro cultural
A tapeçaria roubada, de grandes dimensões, faz parte de uma coleção exclusiva que representa o trabalho artesanal de tecelagem desenvolvido ao longo de décadas em Portalegre. Este tipo de tapeçaria, conhecida mundialmente pela sua técnica única, tornou-se um símbolo da identidade cultural portuguesa. A peça em questão retrata uma cena inspirada no Renascimento, com figuras mitológicas e elementos naturais, e havia sido tecida na década de 1970 por artesãos locais sob a orientação de Guy Fino, fundador da Manufatura de Tapeçarias de Portalegre.
A diretora do museu, Maria do Carmo Silva, declarou à imprensa local que a tapeçaria é “insubstituível” e que o seu desaparecimento é uma “enorme perda para o património cultural de Portalegre e de Portugal”. A peça estava exposta numa das salas principais do museu, dedicada a obras de grande relevância histórica, e era uma das principais atrações para visitantes nacionais e internacionais.
O roubo: um plano bem executado
De acordo com as informações preliminares divulgadas pelas autoridades, o roubo foi executado de forma audaciosa e cuidadosa. O sistema de segurança do museu, composto por câmaras de vigilância e alarmes, foi desativado por indivíduos que aparentam ter profundo conhecimento dos dispositivos utilizados na instituição. A Polícia Judiciária (PJ), responsável pela investigação, já confirmou que a operação envolveu mais do que uma pessoa, sendo que o crime foi cometido por volta das três da manhã, num momento em que a vigilância no local era mínima.
Os investigadores estão a analisar as imagens de videovigilância captadas nas áreas circundantes ao museu, uma vez que as câmaras internas foram desativadas. Até ao momento, não há informações sobre a identidade dos suspeitos, mas as autoridades acreditam que o roubo tenha sido encomendado por colecionadores privados ou que faça parte de uma rede organizada de tráfico de arte.
O inspetor da PJ responsável pelo caso, Manuel Rocha, informou que “não se trata de um roubo aleatório, mas de uma ação coordenada por indivíduos com conhecimentos específicos sobre o museu e a tapeçaria”. Rocha sublinhou que a tapeçaria roubada é extremamente difícil de ser vendida no mercado legal devido à sua notoriedade e valor histórico, o que levanta a hipótese de que possa ser negociada no mercado negro.
Reações e consequências para o museu
O roubo da tapeçaria gerou uma onda de consternação entre os habitantes de Portalegre, para quem o museu é um símbolo de orgulho local. A instituição, que preserva e promove a tradição da tapeçaria de Portalegre, encontra-se agora no centro de um escândalo que ameaça a sua reputação e a segurança das obras de arte em exibição.
Em resposta ao incidente, a Câmara Municipal de Portalegre emitiu um comunicado a expressar “total solidariedade” com a direção do museu e comprometeu-se a apoiar a investigação e a implementação de medidas de segurança mais rigorosas. O presidente da Câmara, Adelaide Teixeira, afirmou que “este é um golpe duro para a nossa cidade e para a nossa cultura”, e pediu às autoridades competentes que não poupem esforços para recuperar a obra roubada.
Por outro lado, o museu foi temporariamente encerrado para o público enquanto as investigações continuam. A diretora Maria do Carmo Silva anunciou que a equipa de segurança será reforçada e que novas tecnologias de vigilância serão instaladas para evitar incidentes semelhantes no futuro.
Histórico de roubos de arte em Portugal
Este roubo em Portalegre junta-se a uma lista crescente de crimes relacionados com o património artístico em Portugal nos últimos anos. Embora raros, os roubos de arte têm vindo a aumentar, especialmente em instituições de menor dimensão ou com sistemas de segurança menos sofisticados.
Em 2020, uma pintura de um autor português foi roubada de uma galeria em Lisboa, e em 2018, várias peças valiosas desapareceram do Museu Nacional de Arte Antiga. Em ambos os casos, as peças foram recuperadas após investigações prolongadas, mas o caso do museu de Portalegre é particularmente alarmante devido à natureza única da tapeçaria roubada.
Especialistas em arte consultados pelos meios de comunicação salientam que o mercado negro de arte, embora clandestino, é uma realidade que afeta diversos países. O tráfico de obras de arte e objetos culturais é uma atividade lucrativa para redes criminosas que atuam globalmente, muitas vezes movidas por encomendas específicas de colecionadores privados dispostos a pagar somas elevadas por peças que não podem ser legalmente adquiridas.
Investigação em curso e apelo à comunidade
A Polícia Judiciária está a colaborar com organismos internacionais de combate ao tráfico de arte, como a Interpol, para garantir que a tapeçaria não seja transportada para fora de Portugal. Além disso, as autoridades pedem a colaboração da população e de antiquários para que, caso a tapeçaria seja colocada à venda no mercado, seja imediatamente reportada.
A comunidade artística e cultural de Portalegre está também a mobilizar-se para sensibilizar a opinião pública sobre a importância da recuperação da obra. Diversos artistas e académicos locais têm partilhado mensagens nas redes sociais a apelar ao regresso da tapeçaria e a incentivar qualquer pessoa com informações relevantes a contactar as autoridades.