Bombeiros profissionais dão prazo ao Governo: exigem resposta até ao fim do mês

Os bombeiros profissionais em Portugal estabeleceram um ultimato ao Governo, exigindo que até ao final deste mês sejam atendidas as suas principais reivindicações. O movimento surge na sequência de um longo período de insatisfação com as condições laborais, salariais e a falta de investimento no setor, que os profissionais consideram ser insustentável e prejudicial ao desempenho das suas funções de socorro à população.

Reivindicações centrais

Entre as exigências dos bombeiros profissionais está a revisão da carreira, que, segundo eles, está desatualizada e não reflete a complexidade e o risco das funções desempenhadas. Os bombeiros apontam que, apesar do aumento das suas responsabilidades e da crescente exigência física e emocional do trabalho, não houve uma valorização salarial condizente com o grau de especialização e dedicação que a profissão exige.

Além disso, reivindicam um reforço urgente no número de efetivos. As corporações de bombeiros profissionais têm alertado para o défice de pessoal, que sobrecarrega os bombeiros em funções e coloca em risco a capacidade de resposta em situações de emergência. Segundo um comunicado recente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), “os quadros estão envelhecidos e o ritmo de contratações não acompanha a saída de profissionais por aposentação ou por mudanças de carreira.”

Outra reivindicação destacada é a melhoria das condições de trabalho e de equipamentos. Os bombeiros têm denunciado a falta de equipamentos modernos e adequados para garantir a segurança no combate a incêndios e em outras operações de socorro. A ANBP sublinha que, em muitas corporações, os equipamentos estão obsoletos e as viaturas de emergência necessitam de renovação urgente.

Prazo estabelecido ao Governo

Os bombeiros profissionais, organizados pela ANBP e pelo Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP), decidiram, após uma série de assembleias e reuniões, dar um prazo até ao final deste mês para que o Governo apresente uma resposta concreta às suas reivindicações. Caso contrário, estão preparados para avançar com formas de luta mais contundentes, incluindo manifestações nacionais e possíveis paralisações.

Rui Santos, presidente da ANBP, afirmou em entrevista à imprensa que “os bombeiros profissionais estão no limite das suas capacidades” e que “o Governo não pode continuar a adiar uma resposta a problemas que são conhecidos há anos”. Segundo ele, a falta de medidas concretas para resolver estas questões poderá ter consequências graves para a capacidade de resposta dos bombeiros em situações de emergência, prejudicando o socorro à população.

Reações do Governo

Até o momento, o Governo, por intermédio do Ministério da Administração Interna, reconheceu a legitimidade de algumas das reivindicações apresentadas pelos bombeiros, mas não avançou com soluções claras. O Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, afirmou que o Governo está “disposto a dialogar” e que pretende encontrar “uma solução equilibrada” para as questões colocadas.

No entanto, os sindicatos e associações representativas dos bombeiros têm criticado a falta de celeridade nas negociações. Rui Santos considera que “os bombeiros já demonstraram uma enorme paciência e espírito de colaboração”, mas que “não é possível continuar a trabalhar sem respostas concretas.”

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Condições atuais e impacto na sociedade

Os bombeiros profissionais têm desempenhado um papel crucial no combate aos incêndios florestais, que nos últimos anos têm devastado grandes áreas do território nacional, assim como na resposta a emergências médicas, acidentes rodoviários e outras situações de socorro. No entanto, as condições adversas e o desgaste físico e emocional têm levado muitos bombeiros a abandonarem a profissão, agravando o défice de pessoal em várias corporações.

A falta de efetivos e as condições de trabalho precárias são frequentemente citadas como fatores que colocam em risco a eficácia dos bombeiros nas operações. Em 2023, várias corporações relataram dificuldades em responder a todas as solicitações durante os meses críticos de verão, quando os incêndios florestais atingiram níveis alarmantes.

O apoio da sociedade e o papel dos bombeiros

A opinião pública tem demonstrado um forte apoio aos bombeiros, reconhecendo o seu papel vital na proteção da vida e do património. Muitas organizações da sociedade civil, autarquias e personalidades têm manifestado solidariedade para com as reivindicações dos bombeiros, sublinhando a importância de valorizar e reforçar os meios destes profissionais.

Os bombeiros são uma das instituições mais respeitadas em Portugal, e o seu compromisso com o bem-estar da população é amplamente reconhecido. No entanto, a ANBP alerta que o respeito e o apoio moral não são suficientes para garantir que os bombeiros possam continuar a desempenhar as suas funções com a eficácia necessária. “Precisamos de mais do que palavras de apreço. Precisamos de medidas concretas que melhorem as nossas condições e que garantam a segurança de quem socorre e de quem é socorrido”, afirmou Rui Santos.

Caminho incerto

Com o prazo estabelecido pelos bombeiros profissionais a aproximar-se do fim, a tensão entre o setor e o Governo aumenta. Se as reivindicações não forem atendidas, é provável que o país enfrente uma situação de impasse, com possíveis paralisações que poderão afetar o funcionamento normal das corporações de bombeiros em várias regiões.